Meio século, como tu mesmo dizes já não vais durar tanto como duras-te até agora, mas acredito que enquanto durares vais saber encaminhar a minha vida como sempre fizes-te. Lamentas o tempo que passou, mas não creio que quisesses voltar atrás e riviver tudo aquilo por que passaste: as falsas ilusões, os amores cruéis, as mentiras impiedosas, o gélido sofrimento, enfim, as esperanças que não passaram disso mesmo e apenas se converteram em desilusões. Se calhar foram mesmo esses pedaços mal vividos de vida que construíram a pessoa que és. Admiro-te. Admiro-te por tudo aquilo que és e apenas pela tua força interior. Admiro-te pela tua sensatez e por apesar de tudo, continuares a encarar os dissabores da vida apenas como pequenos precalços no teu caminho. Ainda há pouco tempo me embalavas na tua fingida serenidade, penso que o teu objectivo sempre foi conseguires que eu adormecesse e apenas acordasse quando já tivesse maturidade suficiente para compreender a ingratidão do mundo. Cheguei à conclusão que deves ser a pessoa que mais me ama no mundo, que mais me admira por aquilo que sou, pela essência do meu ser e não apenas pelo camuflado da minha alma. Não sei se foste sempre correcto, mas sei que em todos os teus erros o teu objectivo era agir correctamente. Por tudo isto, és o meu modelo, o meu ídolo.
Amo-te, sempre te amei, mesmo quando não sabia, e, vou amar-te sempre, mesmo se não chegares a completar um século.
Mary, 22 de Abril de 2007